Pular para o conteúdo principal

"ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA"


VEJA
Edição 2057
23 de abril de 2008
ver capa
REVISTAS

A fraude documentada
ONG ligada a políticos do PCdoB e do
PSB desvia milhões de reais em Brasília
Diego Escosteguy
Senhor Governador Agnelo Queiroz,
Tentando ajuda-lo a usar bem a língua portuguesa venho lembrar-lhe o significado do termo “organização criminosa” usada errôneamente por Vossa Excelência quando quis se defender das acusações que lhe foram feitas por seu amigo lobista Daniel.
A notícia antiga, republicada na íntegra baixo, da Revista Veja de 23 de abril de 2008 define o que é uma organização criminosa; é só ler os negritos.
Lindomar Cruz/ABR


Lindomar Cruz/ABR
Michael Vieira e o ex-ministro Agnelo Queiroz (à dir.): testemunha diz que sacou dinheiro de empresa fantasma para entregar ao ex-ministro

Organizações Não-Governamentais (ONGs) ficaram conhecidas nos últimos tempos como um instrumento eficaz de roubar dinheiro público. Sem observar critérios elementares de boa gestão, o governo federal despejou, nos últimos cinco anos, 12 bilhões de reais nos cofres dessas entidades. Em vez de grandes resultados sociais, as ONGs vêm encabeçando uma infinidade de escândalos. Descobriu-se que muitas delas são entidades de mentirinha, cujos dirigentes, quase sempre subordinados a partidos políticos, simulavam serviços, montavam Sem prestações de contas e dividiam os lucros entre si.
Uma CPI foi instalada no Congresso para tentar desvendar os caminhos do dinheiro desviado, mas pouco conseguiu até agora. VEJA localizou uma testemunha que ajuda a entender como muitas ONGs se transformaram em verdadeiras minas de ouro. Do que ela confessa e pode provar, emergem as engrenagens criminosas de uma entidade de Brasília que se associou a comunistas e socialistas que comandam os ministérios do Esporte e da Ciência e Tecnologia e conseguiu desviar, sozinha, 3,4 milhões de reais. Fácil, fácil.
A testemunha chama-se Michael Vieira da Silva, ex-funcionário do Instituto Novo Horizonte, uma ONG que dizia oferecer cursos de treinamento a crianças pobres. Ele conta que atuava como uma espécie de faz-tudo da entidade, mas seu grande trabalho foi abrir uma empresa de fachada, a T & Z, para fornecer notas fiscais frias à ONG, que assinou um convênio (que tem o sugestivo número 171) com o Ministério da Ciência e Tecnologia no valor de 1,8 milhão de reais. Os recursos saíram dos cofres do ministério e desapareceram sem deixar vestígios. Os documentos apresentados por Michael revelam o destino final do dinheiro: a conta pessoal do responsável pela ONG, Luiz Carlos de Medeiros (veja o quadro). O golpe é simples e de altíssima rentabilidade. A ONG simulava gastar a maior parte da verba que recebia em material didático. Investia, na verdade, apenas 5% do que declarava. A diferença, 95%, caía nos bolsos dos donos e de amigos que participavam do esquema. "Havia pagamento a secretárias e funcionários dos ministérios", diz Michael. Ao emitir notas fiscais frias para comprovar as despesas falsas, Michael acabou sendo multado em 722 000 reais pelo Fisco estadual.
Fotos Cristiano Mariz e Ana Araújo
Descrição: http://veja.abril.com.br/230408/imagens/brasil11.jpg
Luiz Carlos de Medeiros já ganhou muito dinheiro como ongueiro. Sua antiga ONG foi pilhada numa auditoria. Para continuar recebendo – e desviando – recursos públicos, ele simplesmente abriu uma nova
Luiz Carlos é um bem-sucedido ongueiro, embora quase nada apareça em seu nome. De origem humilde, mora hoje num apartamento de cobertura, dirige carros importados, promove festas requintadas, mas também é dono de uma ficha corrida na polícia. A ONG Novo Horizonte, por exemplo, está registrada em nome de Antônio Carlos de Medeiros, irmão dele. "Não tenho nada, nada a ver com a Novo Horizonte. Sou uma pessoa humilde", diz Luiz Carlos. Luiz tem amigos influentes em sua área de atuação. Um deles é o comunista Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte e atual diretor da Anvisa. O outro é Joe Valle, secretário de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia. "Luizinho é bom, sério, vai além do que o ministério exige", explica o ex-ministro. Em junho de 2006, três meses depois de Agnelo deixar o cargo, a ONG que Luiz diz que não é dele faturou um convênio de 1,6 milhão de reais com o Ministério do Esporte. Meses depois, Luiz atuou na campanha de Agnelo ao Senado. Era tratado pelos funcionários do comitê como "assessor". "Sou fã do Agnelo e votei nele", diz Luiz. Segundo Michael, cerca de vinte computadores da ONG de Luiz Carlos foram cedidos ao comitê de Agnelo.
Agnelo perdeu a eleição, mas a amizade com o ongueiro continuou – e os negócios também. Em 2007, o Ministério do Esporte fez uma auditoria no convênio com a Novo Horizonte e descobriu que os serviços não foram prestados. Uma das acusações graves que a testemunha faz trata do nível de intimidade entre o ongueiro e o ex-ministro. Michael Vieira afirma que um dos saques na conta da empresa fantasma T & Z, feito no dia 1º de outubro do ano passado, no valor de 150000 reais, teve como destinatário o ex-ministro. Ele relata ter sacado o dinheiro do banco, acompanhado do irmão de Luiz Carlos e de um funcionário da ONG. "O dinheiro foi entregue para o Agnelo", garante Michael. Agnelo diz que a informação é "absurda". "Estão querendo me prejudicar", afirma. Na semana passada, Michael prestou depoimento ao Ministério Público e entregou os documentos ao promotor Ricardo de Souza, que abriu procedimento para investigar o caso. Enquanto isso, Luiz Carlos, aquele que nada tem a ver com ONGs, segue a sua trajetória humilde. Além de planejar sua candidatura a deputado pelo PCdoB, ele assumiu o Instituto Universo, sua nova ONG, e já conseguiu assinar um convênio no valor de 638000 reais com o Ministério do Esporte. A classe operária, ao que parece, encontrou nas ONGs o seu paraíso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os novos Procuradores Adjuntos do MPDF

O MPDF tem oito novos promotores, aprovados em concurso. Essa é a segunda turma que toma posse no cargo.  A promotora de Justiça, Tânia Regina Fernandes, em sua saudação os conclamou a  “nunca desistirem de trabalhar por uma sociedade mais justa, pela promoção da cidadania e pela construção de uma democracia cada vez mais sólida. A cerimônia de posse ocorreu no auditório do MPDFT e contou com a presença de familiares, amigos e integrantes da Instituição. Os promotores empossados farão agora Curso de Ingresso e Vitaliciamento na carreira e provavelmente as respectivas designações sejam definidas em maio. Saiba quem são os novos promotores de Justiça adjuntos do DF Fernando José Sakayo de Oliveira é formado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (Uniceub). Exerceu o cargo de procurador do Banco Central do Brasil no período de 2004 a 2017 e de analista judiciário e técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) no período de 2000 a 2004.    

VERGONHA DE SER BRASILEIRA

Ao visitar um hospital publico, o Danbury Hospital, numa cidade do interior dos Estados Unidos, senti pela primeira vez na vida vergonha de ser brasileira, de viver numa naçao onde seu povo não tem direito à saúde, porque os corruptos do pais nos roubaram este direito, garantido em nossa Constituição, e o pior é que nunca   ninguém fez nada, efetivamente, contra esse fato. Danbury, é uma pequena cidade a 70 km de Nova York, nas mesmas condições geográficas da cidade de Formosa em Goiás. Cidade interiorana, pequena   e próxima a uma grande capital. Mas aqui em Danbury, Sua população, a maior parte composta de   brasileiros, não precisa correr para Nova York para serem atendidos pela rede pública de saúde, porque existe respeito pelo cidadão. O dinheiro das taxas, impostos pagos neste pais, é revertido nos serviços de competência do estado. Nos hospitais públicos e postos de saúde de Danbury não existem filas, os clientes aguardam em cadeiras confortáveis, o corpo clinico do h

LULA E O GENERAL GOLBERI

 Lula Secreto II Revendo meus guardados encontrei este artigo, que replico na íntegra- O Lula Secreto II – que entendo ser importante para quem escreve sobre política, conhecer e entender como muitas vezes o que escrevemos é completamente diferente da verdade, e como os mitos nascem. O Lula Secreto II Um pouco de história recente e elucidativa para aqueles que não entendem como um semi analfabeto vai escrever para o New York Times.    Nota do Editores:Reproduzimos abaixo o conjunto de textos organizado na publicação "O Lula secreto", pelo blogueiro Hugo Studart, no Internacional Press - Informação independente do Brasil e do mundo https://internacionalpress.wordpress.com/2011/01/09/o-lula-secreto/ A ESTRATÉGIA DE GOLBERY O General Golbery do Couto e Silva explicou que sua estratégia era estimular a imprensa para projetar o Luiz Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma liderança inteligente expressiva, para ser preparado