REVISTAS
A fraude documentada
ONG ligada a políticos do PCdoB e do
PSB desvia milhões de reais em Brasília
PSB desvia milhões de reais em Brasília
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Senhor Governador Agnelo Queiroz,
Tentando ajuda-lo a usar bem a língua
portuguesa venho lembrar-lhe o significado do termo “organização criminosa”
usada errôneamente por Vossa Excelência quando quis se defender das acusações que
lhe foram feitas por seu amigo lobista Daniel.
A notícia antiga, republicada na íntegra baixo,
da Revista Veja de 23 de abril de 2008
define o que é uma organização criminosa; é só ler os negritos.
Lindomar Cruz/ABR
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Organizações Não-Governamentais
(ONGs) ficaram conhecidas nos últimos tempos como um instrumento eficaz de roubar dinheiro público. Sem observar
critérios elementares de boa gestão, o governo federal despejou, nos últimos
cinco anos, 12 bilhões de reais nos cofres dessas entidades. Em vez de grandes
resultados sociais, as ONGs vêm encabeçando uma infinidade de escândalos.
Descobriu-se que muitas delas são
entidades de mentirinha, cujos dirigentes, quase sempre subordinados a partidos
políticos, simulavam serviços, montavam Sem prestações de contas e dividiam os
lucros entre si.
Uma CPI foi instalada no Congresso
para tentar desvendar os caminhos do dinheiro desviado, mas pouco conseguiu até
agora. VEJA localizou uma testemunha
que ajuda a entender como muitas ONGs se transformaram em verdadeiras minas de
ouro. Do que ela confessa e pode provar,
emergem as engrenagens criminosas de uma entidade de Brasília que se associou a
comunistas e socialistas que comandam os ministérios do Esporte e da Ciência e
Tecnologia e conseguiu desviar, sozinha, 3,4 milhões de reais. Fácil, fácil.
A testemunha chama-se Michael Vieira da Silva, ex-funcionário do
Instituto Novo Horizonte, uma ONG que dizia oferecer cursos de treinamento a
crianças pobres. Ele conta que atuava como uma espécie de faz-tudo da entidade,
mas seu grande trabalho foi abrir uma empresa de fachada, a T & Z, para
fornecer notas fiscais frias à ONG, que assinou um convênio (que tem o
sugestivo número 171) com o Ministério da Ciência e Tecnologia no valor de 1,8
milhão de reais. Os recursos saíram dos cofres do ministério e desapareceram sem
deixar vestígios. Os documentos apresentados por Michael revelam o destino
final do dinheiro: a conta pessoal do responsável pela ONG, Luiz Carlos de
Medeiros (veja o quadro). O golpe é simples e de altíssima rentabilidade. A ONG simulava gastar a maior parte da verba que recebia em material
didático. Investia, na verdade, apenas 5% do que declarava. A diferença, 95%,
caía nos bolsos dos donos e de amigos que participavam do esquema. "Havia
pagamento a secretárias e funcionários dos ministérios", diz Michael. Ao
emitir notas fiscais frias para comprovar as despesas falsas, Michael acabou
sendo multado em 722 000 reais pelo Fisco estadual.
Fotos Cristiano Mariz e Ana Araújo
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Luiz Carlos de Medeiros já ganhou
muito dinheiro como ongueiro. Sua antiga ONG foi pilhada numa auditoria. Para
continuar recebendo – e desviando – recursos públicos, ele simplesmente abriu
uma nova
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Luiz Carlos é um bem-sucedido ongueiro, embora quase nada apareça em seu
nome. De origem humilde, mora hoje num apartamento de cobertura, dirige carros
importados, promove festas requintadas, mas também é dono de uma ficha corrida
na polícia. A ONG Novo Horizonte, por exemplo, está registrada em nome de Antônio
Carlos de Medeiros, irmão dele.
"Não tenho nada, nada a ver com a Novo Horizonte. Sou uma pessoa humilde", diz Luiz Carlos. Luiz tem amigos
influentes em sua área de atuação. Um deles é o comunista Agnelo Queiroz,
ex-ministro do Esporte e atual diretor da Anvisa. O outro é Joe Valle,
secretário de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia.
"Luizinho é bom, sério, vai além do que o ministério exige", explica
o ex-ministro. Em junho de 2006, três
meses depois de Agnelo deixar o cargo, a ONG que Luiz diz que não é dele
faturou um convênio de 1,6 milhão de reais com o Ministério do Esporte. Meses
depois, Luiz atuou na campanha de Agnelo ao Senado. Era tratado pelos
funcionários do comitê como "assessor". "Sou fã do Agnelo e
votei nele", diz Luiz. Segundo Michael, cerca de vinte computadores da ONG
de Luiz Carlos foram cedidos ao comitê de Agnelo.
Agnelo perdeu a eleição, mas a amizade com o ongueiro continuou – e os
negócios também. Em 2007, o Ministério do Esporte fez uma auditoria no convênio
com a Novo Horizonte e descobriu que os serviços não foram prestados. Uma das acusações graves que a
testemunha faz trata do nível de intimidade entre o ongueiro e o ex-ministro.
Michael Vieira afirma que um dos saques
na conta da empresa fantasma T & Z, feito no dia 1º de outubro do ano
passado, no valor de 150 000 reais, teve como destinatário
o ex-ministro. Ele relata ter sacado o dinheiro do
banco, acompanhado do irmão de Luiz Carlos e de um funcionário da ONG. "O dinheiro foi entregue para o
Agnelo", garante Michael. Agnelo diz que a informação é
"absurda". "Estão querendo me prejudicar", afirma. Na
semana passada, Michael prestou depoimento ao Ministério Público e entregou os
documentos ao promotor Ricardo de Souza, que abriu procedimento para investigar
o caso. Enquanto isso, Luiz Carlos, aquele que nada tem a ver com ONGs, segue a
sua trajetória humilde. Além de planejar sua candidatura a deputado pelo PCdoB,
ele assumiu o Instituto Universo, sua nova ONG, e já conseguiu assinar um
convênio no valor de 638 000 reais com o Ministério do
Esporte. A classe operária, ao que parece, encontrou nas ONGs o seu paraíso.
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