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O SONHO PESADELO DO RETORNO AO PODER




Olhando a recente história do poder no Brasil vemos que a briga politica tem sempre as mesmas facetas, faz o mesmo jogo politico e defende a mesma ambição pessoal, e que, independentemente de partido, tudo é valido para se conseguir o fim proposto: a permanência ou o retorno ao poder.

Fernando Henrique Cardoso, depois de oito longos anos de mandato, não quis fazer seu sucessor. Tinha a máquina na mão, um belo trabalho prestado ao povo brasileiro e um candidato aprovado como trabalhador e competente para substitui-lo. E isso não era bom para ele, podia atrapalhar o seu sonho de retornar à presidência da republica. 

Para o partido seria ótimo sim, mas quem se incomoda com o partido no Brasil? Aqui o candidato tem que ser maior que o partido que anda a reboque, sem força e sem expressão. Daí porque a carnificina partidária é tão comum. A eleição de Jose Serra naquele momento não interessava ao FHC que sabia que se ele fizesse um bom governo, como havia feito em São Paulo e se repetisse o desempenho como Ministro, podia não ter mais a chance de retornar à Presidência do Brasil. 

Se Lula ganhasse, logo o povo veria a diferença que existia entre o governo dele e o do PT e teriam saudades de seu governo, e além do mais mantinha certa afinidade com o barbudo. Venceu o pensamento de quanto pior melhor! Então fez corpo mole, não deu o apoio devido, ficou de longe vendo a banda passar.  

Esqueceu-se de avaliar a capacidade política de Lula que deu continuidade aos programas que ele havia instituído todos aqueles que o PT sempre criticara. Só que como politico astuto que é trocou os nomes, melhorou os programas, levou mais cestas básicas, casas, poços de agua e luz para os nordestinos e inseriu socialmente milhares de brasileiros. Adoçou a boca dos aliados, distribuiu os ministérios de porta fechada para os partidos da base do governo. Agradou a muitos e durante todo seu mandato falou mal da administração de Fernando Henrique Cardoso que foi um dos responsáveis por sua eleição.

Oito anos depois o mito FHC não existia mais. O PSDB viveu a dura experiência de ser oposição pela falta de maturidade politica de seus dirigentes que pensaram, naquele momento, só em projetos pessoais e não no fortalecimento do partido. Parece que até agora não aprenderam a lição e estão se digladiando às vésperas das eleições para prefeitos, e mesmo com a antecedência de dois anos a disputa já se torna acirrada para a escolha do nome do candidato do PSDB que vai disputar a presidência em 2014. 

Quero apenas relembrar que na época áurea do PSDB, quando era um grande partido, os notáveis políticos que lá existiam, além de FHC, nos mais diversos  estados brasileiros: Almir José de Oliveira Gabriel, André Franco Montoro, Célio de Castro, José Freitas Nobre, Luiz Carlos Bresser Pereira, Fábio Feldmann, Ronaldo de Azevedo Carvalho, Francisco das Chagas Caldas Rodrigues,  Paulo de Tarso Tavares Silva, Geraldo Alckmin Filho, Dirce Tutu Quadros, Afonso Arinos de Melo Franco, José Ignácio Ferreira, José Carlos Grecco, Artur da Távola, Maria de Lourdes Abadia, Eduardo Jorge Caldas Pereira, José Richa, Pimenta da Veiga, Geraldo Campos, Heloneida Studart Soares, Maria Laura de Souza Carneiro, Ronaldo Cezar Coelho, Marconi Perillo, Mário Covas, José Serra e Aécio Neves

Porque não deram oportunidade a tanta gente que ingressou nas fileiras do partido? Faltou o entendimento de que para ser forte temos que andar juntos, crescer juntos e um apoiar o crescimento do outro. A candidatura tem que ser exercida para o crescimento do partido e não para o crescimento de uma pessoa ou de um grupo dentro do partido. Daí deu no que deu e até hoje o PSDB não aprendeu a lição.

Por outro lado o PT que sempre teve uma visão de fortalecimento partidário esqueceu a cartilha do partido, as suas bandeiras, e hoje está nas primeiras páginas dos jornais, em manchetes garrafais, atrelado aos mensalões e noticias de propinas nos ministérios. Todo escândalo divulgado no Brasil tem como um dos personagens um politico do PT ou um aliado da base do governo petista.

E no DF, onde o partido não  valorizou os nomes de ponta que tinha,acabou importando um filiado do PC do B e, não fez por menos, colocou-o como governado, agora corre o risco de o partido ficar mais 12 anos fora do poder, por causa da má gestão e denuncias de corrupção que envolvem o governador Agnelo, noticiada quase toda semana na mídia nacional

Quando Lula assumiu o poder o PT tinha vários nomes que podiam substitui-lo no final do mandato. Mas nele também a mosca azul deu a sua picadinha violenta, e ai ele pensou como FHC: escolheu como sucessora uma mulher (todos sabem como ainda é difícil a sustentação política da mulher) que não tinha um passado politico e, portanto, pouca articulação e que ele achou que ela ficaria á mercê dos seus comandos e que no final e quatro anos o povo estaria suspirando por sua volta. 

Montou os Ministérios, deu todas as cartas e ficou governando de longe. Esqueceu-se de que ela, como ele, tinha ideias e pensamentos divergentes; que além do mais as redes sociais, xeretas como são, tudo sabem e informam; que os escândalos que ele fez vista grossa e abafou poderiam  aparecer um por um e que, hoje, muita gente que votou nele não vota mais.  Seus fieis escudeiros atualmente estão enlameados pelas denuncias de corrupção, muitos foram afastados da vida pública e vivem ressentidos com todos estes acontecimentos que eles achavam que nunca aconteceriam. 

As declarações recentes de José Dirceu comprovam este fato. Doente e distante das decisões governamentais, Lula corre o risco de ficar num esquecimento maior do que o que abateu sobre FHC.
A história mostra que os lideres que têm medo de perder os espaço de poder e que tripudiam sobre o crescimento de outros correligionários são esquecidos e odiados, e que os partidos que tem estes lideres no comando nunca poderão ser grandes ou deter o poder por muito tempo. 

Muitos de vocês que leram este artigo já viram esta história na sua cidade ou no seu partido com outros personagens. Fica aqui este tema para discussão e reflexão.
E recordo ainda que a prepotência que o poder induz faz esquecer que frases muitas vezes repetidas, até banalmente, são válidas, como: só Deus para dar um jeito.

MCNetto







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