Revista, "Caros Amigos", Ano IX número 102 Setembro de
2005
Um destaque da entrevista com o procurador da República VLADIMIR ARAS,
fazendo parte de uma força-tarefa, criada, para investigar o chamado escândalo
do Banestado.
Um caso escabroso de envio ilegal de dinheiro para o exterior feito por
gente graúda das áreas empresarial e política. O caso já deu uma CPI, nomes
apareceram, mas tudo acabou em pizza.
Na Revista, "Caros Amigos", o procurador VIadimir Aras explica o
mecanismo dessas operações fraudulentas que envolveram a impressionante soma de
75 bilhões de dólares. Houve condenação, mas só de doleiros, que são
intermediários. Os figurões, donos do dinheiro, até agora continuam impunes,
como manda a história do Brasil.
OS INTOCÁVEIS EM AÇÃO! (primeira parte)
.
ANTÔNIO CELSO CIPRIANI: (ex-contrabandista de placas de vídeo pôquer,
acobertado pelo ex-superintendente do DPF/SP Marco Antônio Veronezzi); confirme
aqui
ROMEU TUMA: (protetor dos seus afiliados e apadrinhados. Inéditos
noticiários da imprensa no portal: www.intocaveis.com.br);
ROBERTO TEIXEIRA: advogado, compadre de Lula e defensor de Cipriani. O
intermediário que carrega Cipriani onde esta o Lula. Amigo do deputado José
Mentor, relator da manipulada CPI do Banestado. Pessoa com inúmeros comentários
graves na Internet, conforme busca no site Google: "Roberto Teixeira"
Acusações.
JOSÉ MENTOR: relator da CPI do Banestado, ligadíssimo ao ministro José
Dirceu, colega de faculdade com Roberto Teixeira.
O ESTADO DE S.PAULO
Noticiários dias 19 e 20 de Setembro de 2004
NACIONAL
Domingo, 19 de setembro de 2004
Cipriani, o homem que parou a CPI do Banestado
PT não aceita quebra de sigilo bancário de empresário ligado a compadre
de Lula
LOURIVAL SANT'ANNA
A CPI do Banestado foi um parto da montanha. Acordo de líderes barrou a
sua criação no Senado em maio de 2003, em meio a indícios de envolvimento de
políticos na remessa ilegal de US$ 30 bilhões ao exterior. A repercussão
negativa levou à sua aprovação na Câmara, sete dias depois.
Ainda assim, nas semanas seguintes, as pressões do governo quase a
enterram de vez.
Finalmente instalada, passou a despertar crescentes esperanças de um
grande ajuste de contas com corruptos, sonegadores e seus intermediários, numa
versão brasileira da célebre Operação Mãos Limpas. Parecia difícil de acreditar
que os políticos se encarregariam de depurar a política. A história - como quase
sempre - daria razão aos cínicos. A CPI do Banestado lembra agora a Itália não
por ter emulado a Mani Pulite, mas por ter redundado em estrondosa
pizza.
Afinal, o que fez a CPI desandar? Transcrições taquigráficas de sessões
cruciais da comissão mista, em março, flagram o momento preciso em que os
deputados e senadores do PT e dos outros partidos abandonaram o consenso mínimo
que a sustentava.
O motivo se chama Antônio Celso Cipriani. Os parlamentares da oposição,
apontando indícios de que o presidente da Transbrasil teria movimentado algo
perto de US$ 100 milhões no exterior, enquanto a sua companhia aérea ruía,
deixando passivo final de R$ 1 bilhão, defenderam a quebra de seu sigilo
bancário. Para isso, limparam o caminho, atendendo às demandas do PT de convocar
pela segunda vez Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, e três
ex-diretores.
O relator da CPI, depu-tado José Mentor (PT-SP), no entanto, defendeu
ardenteme-nte a proteção do sigilo ban-cário de Cipriani, alegando questões de
critério. Mais discreto, e numa insólita alia-nça, o senador Romeu Tuma
(PFL-SP), velho amigo de Ci-priani, trabalhou contra o re-querimento nos
bastidores. Foram voto vencido. A quebra do sigilo foi aprovada no dia 17 de
março.
A partir daí, no entanto, Mentor, que já vinha suspendendo o
cumprimento de requerimentos ("sobrestando", segundo o jargão), passou a
obstruir ostensivamente os trabalhos, exigindo verificação de quórum para as
votações.
O produto da CPI - a investigação de centenas de milhares de operações
bancárias - foi entregue ao comércio intenso de chantagens e vazamentos de todos
os lados. O relacionamento entre Mentor e o presidente da comissão, o senador
Antero Paes de Barros (PSDB-MT), degringolou. A CPI desistiu de si
mesma.
Costas quentes - Mais uma vitória para a coleção de Cipriani, que hoje
possui um espetacular empreendimento imobiliário no Colorado, além de uma
rentável mina de alexandrita em Minas Gerais, cujas atividades foram alvo de
CPI, em 1998, na qual ele também teria recebido ajuda do PT (ver na página
seguinte). Também é dono da Target Aviação, em São Paulo. Mesmo assim, a Justiça
não foi capaz ainda de bloquear seus bens, embora o tenha feito com ex-diretores
da Transbrasil (ver abaixo)
Cipriani tem sabido cercar-se de pessoas-chave. Em 1978, ele era
investigador do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) quando foi levado
pelo então delegado Tuma à Transbrasil, para investigar suspeita de uso dos vôos
de Manaus pelo narcotráfico - ou para proteger o dono da companhia, Omar
Fontana, de seqüestro, segundo outra versão. Cipriani acabou ficando: Fontana
gostou dele e o convidou a trabalhar na auditoria da empresa. Foi lá que ele
conheceu Marise, filha de Fontana, separando-se de sua mulher para se casar com
ela. Daí em diante, Cipriani galgaria a passos firmes os degraus da empresa, até
chegar à sua presidência, em 1998.
Ainda nos tempos de Dops, o investigador ficou conhecendo outra figura
marcante em sua vida: o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que vinha tendo
problemas com o temido órgão, culminando em sua prisão por um mês, em
1980.
No início dos anos 80, as secretárias da Transbrasil se divertiam
imitando a língua presa de Lula, ao telefone: "O Celso está?" Vez por outra,
Cipriani deixava o escritório dizendo que ia "comer rã com o
companheiro".
Antônio Celso
Cipriani
Segundo relatos de ex-funcionários da Transbrasil, figuras de destaque
do PT voavam de graça nos aviões da companhia. O preço da passagem constava nos
bilhetes, mas era estornado na contabilidade. Hotéis em Miami e outras
facilidades também eram franqueadas, informam essas fontes. "Celso, você virou
petista?", provocavam funcionários com mais intimidade. "Desde criancinha",
brincava o ex-agente do Dops.
No chamado comício da vitória, na noite de 28 de outubro de 2002, em
frente ao prédio da TV Gazeta, em São Paulo, Cipriani compareceu ao pé da escada
do palanque e mandou chamar Roberto Teixeira, o advogado e compadre de
Lula.
Teixeira, advogado também de Cipriani e membro do Conselho de
Administração da Transbrasil, espetou uma estrela de petista da primeira hora na
camisa do velho amigo e o alçou para cima do palanque, onde ele fez as vezes de
papagaio de pirata do presidente eleito.
Cobertura - Faz tempo que Teixeira leva Cipriani até onde está Lula.
Depois de morar de graça desde 1989 na casa do compadre, Lula comprou, em 1995,
uma cobertura construída pela empreiteira Dalmiro, para a qual o advogado
prestava serviços. O líder petista deu entrada no imóvel com um cheque de R$ 10
mil que Dalmiro Lorenzoni, dono da construtora, havia dado a
Teixeira.
Em 1992, a mesma construtora pagou R$ 484 mil a Cipriani, por um terreno
que ele havia comprado, oito meses antes, por apenas R$ 3,7 mil, conforme
mostrou o Jornal da Tarde na época. A valorização brutal do terreno se explica
pelo fato de o então prefeito de São Bernardo, Maurício Soares, na época do PT e
amigo de Teixeira, ter desistido de desapropriá-lo. Teixeira era advogado dos
três envolvidos no negócio: a construtora Socepal, que vendeu o terreno;
Cipriani, que multiplicou seu investimento por 130 vezes; e
Dalmiro.
O Estado contatou as assessorias de imprensa de Cipriani e Teixeira, mas
eles não quiseram conceder entrevista. "Não falo sobre esse assunto", disse
Tuma, por sua vez.
Em novembro, quando o nome de Cipriani emergiu das investigações da CPI
do Banestado, Mentor o recebeu em seu gabinete na companhia de Teixeira, de quem
o deputado é amigo há quase 40 anos. Mentor garante que não recebeu orientação
de cima para proteger o dono da Transbrasil. Segundo ele, o senador Antero
"pinçou" o nome de Cipriani do banco de dados para "causar constrangimento" ao
PT e ao governo. "Foi uma retaliação contra o relator por ter pedido a
reconvocação de Gustavo Franco."
"Não tenho interesse em entrar numa polêmica pública com o relator, mas
ele defendeu apurar tudo de Beacon Hill, menos Cipriani", disse Antero,
referindo-se à conta no JP Morgan cujo sigilo foi quebrado. "Não tenho dúvida de
que Cipriani movimentou um dos maiores montantes da CPI."
mas ele defendeu apurar tudo de Beacon Hill, menos Cipriani", disse
Antero, referindo-se à conta no JP Morgan cujo sigilo foi quebrado. "Não tenho
dúvida de que Cipriani movimentou um dos maiores montantes da
CPI."
Domingo, 19 de setembro de 2004
Transbrasil anuncia que quer voltar a voar
Ex-diretores, que ficaram com o ônus, não entendem por que empresa
faliu
A Transbrasil quer voltar. A companhia - que conta com uma equipe de 12
abnegados funcionários que trabalham sem receber salário - está preparando um
plano de negócios com a ajuda do Banco Opportunity. Uma vez concluído, o banco
sairá em busca de investidores. Inicialmente, a operação será só de cargas. E
todo o passivo da empresa, na casa do R$ 1 bilhão, será assumido, como faz
questão a acionista majoritária, Denilda Fontana, viúva de Omar, o fundador, e
sogra de Antônio Celso Cipriani, o presidente.
As informações são do porta-voz da Transbrasil, Carlos Augusto Badra,
que tem participado do planejamento estratégico. A quebra, em abril de 2002,
deveu-se, segundo ele, à desvalorização do real frente ao dólar.
Dois anos e cinco meses depois, a falência da Transbrasil - contestada
pela companhia na Justiça - ainda é motivo de perplexidade entre ex-diretores da
companhia. Primeiro porque eles consideravam que ela poderia facilmente ter sido
evitada. Segundo porque o ônus da quebra tem recaído sobre esses ex-diretores,
que tiveram bens e contas bancárias bloqueadas, coisa que não aconteceu com o
dono da companhia.
A Transbrasil tinha 1.850 funcionários quando parou de voar, em dezembro
de 2001. Mas, segundo o Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, mais de 4 mil
empregados têm contas a acertar com a companhia. Os que ficaram até o fim
trabalharam quatro meses sem receber salário, além do calote da empresa nos
direitos trabalhistas. Há histórias de alcoolismo, separações e até
suicídios.
Marcos Antônio Barbosa, de 46 anos, que trabalhava no controle de
manutenção, não conseguiu arranjar outro emprego no setor, que tem sofrido
retração de vagas desde então. Quando a companhia quebrou, sua mulher teve de
interromper um tratamento de saúde por causa do cancelamento do convênio médico.
Ele tem uma dívida de mais de R$ 10 mil e seu nome está no
Serasa.
Há seis meses ele não paga as prestações de sua casa, de R$ 326. A Caixa
Econômica Federal o avisou de que, se não quitar a dívida dentro de um mês, será
despejado. Marcos, que tem um casal de filhos, tira em média R$ 270 por mês
vendendo galões de água de porta em porta.
Planos - De acordo com um ex-membro da diretoria, foram apresentados 12
planos de reestruturação da companhia. Todos rejeitados. "As discussões levavam
três meses, enquanto a empresa ia morrendo." A Transbrasil parou de voar no dia
3 de dezembro de 2001, depois que a Shell exigiu dos donos aval pessoal de R$
1,9 milhão para seguir abastecendo os aviões da companhia, segundo um
ex-diretor. Cipriani teria respondido que o risco desse aval era alto demais
para ele e sua família.
Em dezembro de 1999, a Transbrasil se tornou a primeira - e até agora a
única - companhia a receber indenização da União pelo congelamento de tarifas
nos sucessivos planos econômicos. A indenização foi calculada em R$ 1,44 bilhão.
Mas a Transbrasil também tinha dívidas com o governo. Omar Fontana, ainda vivo,
fez questão que o genro Cipriani fosse o único a negociar o encontro de contas.
No fim, a companhia recebeu R$ 725 milhões.
Do encontro de contas só restou uma multa com o INSS, no valor de R$ 220
milhões, segundo um ex-diretor. Inexplicavelmente, na visão de ex-executivos da
empresa, Cipriani não quis aproveitar o programa de refinanciamento (Refis), que
comprometeria apenas 2% do faturamento da empresa, ao longo de 15 anos. Por
causa disso, a Transbrasil não obteria mais certidão negativa de débito com o
INSS, que a capacitaria a se capitalizar. A dívida com o INSS está hoje em R$
541 milhões.
Corre na Justiça Federal em São Paulo ação criminal por apropriação
indébita da contribuição dos funcionários à Previdência, descontada do salário
mas não depositada no INSS. São réus o ex-diretores Paulo Enrique Coco, Pedro
Mattos, Mário Sérgio Thurler e José Petrônio Morato Filho (já
falecido).
Além de Cipriani. A dívida é de R$ 11,404 milhões
Segundo a advogada Paula Miranda, especialista em direito aeronáutico,
Cipriani não pagou sequer as custas e honorários relativos a causas importantes
ganhas pelo escritório dela, como a ação cautelar que ainda assegura à
Transbrasil hangares e guichês de check-in nos aeroportos. O escritório calcula
que o empresário lhe deva R$ 10 milhões - 10% do que a Transbrasil faturou
graças a suas ações.
Mesmo com a Transbrasil sem voar há quase três anos, com a sua falência
decretada e com a cassação de sua concessão pela Aeronáutica em fevereiro, até
hoje a Infraero não conseguiu recuperar os espaços alugados para a companhia nos
aeroportos. Em Congonhas, por exemplo, a Gol não tem hangar, mas a Transbrasil
tem. Em Manaus, por um "acordo de cavalheiros", a Transbrasil cedeu seu terminal
de cargas à Infraero, mas o seu aluguel será abatido, se por ventura um dia a
Transbrasil vier a pagar sua dívida de R$ 166 milhões com a Infraero.
(L.S
Domingo, 19 de setembro de 2004
Empresa de mineração foi alvo de CPI
Ex-deputado diz que recebeu orientação do PT para poupar Cipriani nas
investigações
EDUARDO KATTAH
BELO HORIZONTE - A Alexandrita Mineração, Comércio e Exportação Ltda.,
empresa da qual o presidente da falida Transbrasil, Antônio Celso Cipriani, é um
dos sócios, foi alvo de investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Assembléia de Minas, em 1998. A empresa explora uma mina da pedra
semipreciosa alexandrita no município de Antônio Dias, região central de
Minas.
O pedido de CPI foi feito com base em denúncias publicadas na imprensa
local. Entre elas a de que a concessão do direito de lavra da área foi obtida no
fim dos anos 80 com a expulsão de milhares de garimpeiros e por meio de suborno
a funcionários públicos. O objetivo principal da CPI era "apurar diversas
irregularidades relacionadas a evasão fiscal, contrabando, degradação ambiental
e desrespeito à legislação mineral".
Dos quatro sócios da empresa - Cipriani, Roberto Gonçalves Millah, o
chinês Chang Ya Ching e o grego Stavros Panagiote Papadopoulos, ambos
naturalizados brasileiros -, somente o presidente da Transbrasil compareceu à
Assembléia.
Um ex-assessor de Cipriani que o acompanhou em Belo Horizonte conta que,
ao chegar à Assembléia, o empresário foi levado a uma sala por parlamentares
petistas e instruído sobre o andamento das investigações, combinando o que
deveria ser indagado e respondido.
O então deputado pelo PT Anivaldo Coelho, que foi presidente e relator
da CPI, afirmou na quinta-feira ao Estado que recebeu um "recado" do partido
para que as investigações sobre Cipriani não avançassem.
Anivaldo, que é vereador em Congonhas, a 89 quilômetros de Belo
Horizonte, pelo PPS e preside a Câmara da cidade, evitou detalhar o assunto.
Afirmou apenas que recebeu um telefonema de São Paulo. "Na época teve alguma
coisa de não ir tão fundo. Teve algum recado, mas eu falei que ia 'meter o
ferro' assim mesmo", afirmou.
Depoimento - As notas taquigráficas referentes ao depoimento do
ex-presidente da Transbrasil à CPI, em 6 de maio de 1998, indicam que Cipriani
não enfrentou dificuldades. Apenas o presidente da CPI e o deputado Raul Lima
Neto (PDT) - autor do requerimento da CPI, que morreu em 2002 -
participaram.
Anivaldo inicia a reunião ordinária com um elogio à Alexandrita
Mineração, classificada por ele como uma empresa exemplar. O presidente da CPI
formula algumas perguntas e intervém outras oito vezes, duas para tentar ou
definitivamente encerrar a sessão.
As questões relativas às denúncias foram abordadas pelo deputado
pedetista.
Lima Neto questionou Cipriani a respeito de uma "polícia especial" -
formada por "militares, policiais civis e ex-militares" -, que seria controlada
pelo sócio Chang Ya Ching e teria sido usada para o fechamento e o posterior
controle do garimpo.
O deputado perguntou também se o depoente confirmava a "denúncia" de que
a Transbrasil e "grandes empresas de vôo internacional" eram "canal de
escoamento de nossas pedras, através de contrabando".
Cipriani disse que se tornou sócio da Alexandrita após a concessão do
direito de exploração da mina e não tinha informações sobre o período anterior.
Também afirmou desconhecer prática ilegal na Transbrasil.
Relatório - No relatório final da CPI (publicado em 14 de agosto de
1998), Cipriani é citado quando a comissão informa que solicitaria ao Ministério
Público que apurasse as "contradições contidas nos depoimentos". Contudo, em
relação a Chang, a CPI é mais dura e relata que havia a suspeita de que ele
teria deixado o País para evitar sua intimação.
"Em diversos depoimentos, o nome de Chang aparece como agente corruptor
de funcionários de órgãos públicos (...) Confirmados esses fatos, o sr. Chang
deve ser condenado e preso", afirma o relatório.
A Procuradoria da República em Minas e o MPE informaram que não tinham
conhecimento do relatório e não foi localizado nenhum inquérito ou procedimento
interno que envolvesse a Alexandrita.
As direções estadual e municipal do PT afirmaram que desconheciam
qualquer pressão do partido em relação às investigações da CPI. "Eu já
participei de várias CPIs e não me lembro que o partido tenha feito
interferência. Se houve telefonema, ele não foi em nome do PT nem com o respaldo
do PT", disse o presidente da legenda em Belo Horizonte, o deputado estadual
Roberto Carvalho. "Eu não tenho informações sobre isso. Essa nunca foi a
orientação do partido", completou a presidente do PT em Minas, deputada Maria do
Carmo Lara.
Segunda-feira, 20 de setembro de 2004
Oposição insiste em chamar Cipriani à CPI do Banestado
Líderes acham que depoimento de presidente da Transbrasil trará
inconvenientes ao governo
BRASÍLIA - Uma eventual convocação do empresário Antônio Celso Cipriani,
presidente da Transbrasil e colaborador do PT, para depor na CPI do Banestado
trará sérios inconvenientes para o governo Lula. A previsão é de líderes da
oposição, que por isso mesmo não abrem mão de ouvir Cipriani, no caso de os
trabalhos da CPI serem retomados. O empresário movimentou cerca de US$ 100
milhões no exterior, no período em que a Transbrasil ruía, de acordo com as
investigações realizadas pela comissão parlamentar.
"Não quero fazer prejulgamento, mas as considerações do Cipriani serão
muito desagradáveis para o esquema político do Palácio do Planalto", afirma o
líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). A suposição do pefelista
decorre do círculo de amizades, favores e negócios que liga Cipriani ao
presidente Lula desde a década de 80.
Conforme publicado ontem pelo Estado, o advogado Roberto Teixeira,
compadre de Lula, foi durante muitos anos a principal ponte entre o presidente
da Transbrasil e o atual presidente da República. Além de conceder passagens
aéreas gratuitas aos líderes do PT, Cipriani teria se beneficiado de um esquema
de transações imobiliárias e triangulações de dinheiro coordenado por Teixeira -
o mesmo que permitiu que Lula comprasse seu apartamento de cobertura em São
Bernardo, em 1989.
Na opinião dos oposicionistas, as investigações sobre Cipriani e seus
milhões de dólares no exterior podem jogar luz sobre as fontes de financiamento
das campanhas petistas. Por isso mesmo, no início deste ano, o Planalto fez de
tudo para impedir a quebra de sigilo bancário do empresário e, quando isso
ocorreu, atuou nos bastidores para que ele não fosse convocado.
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