Quando
um marginal comete um delito e tem êxito, o delegado costuma dizer que o
bandido sempre volta a fazer de forma idêntica o mesmo ato, e ainda leva outros
a cometerem crimes idênticos. E não é que isto é verdade?
Liliane
Roriz viu seu pai sair da vida pública criticando
a condenação que sofreu dizendo:
- “O furor da imprensa, o açodamento de
alguns, as conclusões maliciosamente colocadas lamentavelmente ecoaram mais
alto. Pesou apenas o propósito de destruir, neste momento, uma vida coroada por
relevantes serviços prestados à sociedade, particularmente ao povo mais humilde
do Distrito Federal”. Tenho certeza, que neste dia ela chorou, se é que
naquela época tinha algum outro sentimento mais nobre que a ligava ao
seu pai.
Liliane Roriz viu seu amigo Arruda deixar
o governo por causa de uma gravação, destas que o MP quer hoje que façam parte
de inquéritos, feita por um outro amigo, o Durval Barbosa homem de confiança do
seu pai e que não poupou nem a sua irmã, mas isto não teve a menor importância
para ela, que quando questionada do que achou da notícia na televisão fez
o simplório comentário: "Achei ela muito gorda!" Estas passagens e
outras devem ter ficado registradas no seu subconsciente, trazendo à tona uma
necessidade de reproduzir os mesmos sofrimentos à outras pessoas, Sigmund Freud explica isso, e enfatizava a importância do nosso
inconsciente, porque ele governa o comportamento em
um grau maior do que as pessoas suspeitam. De fato, o objetivo da psicanálise é
fazer com que o consciente inconsciente se torne consciente. Isto
é o que posso imaginar de melhor, porque não acredito que quem foi criada com o
carinho de Roriz e de D. Weslian pudesse ser estranhamente má, gravando
amigos leais da família, autoridades, companheiros de mandato, trazendo
denúncias contra seu próprio pai, tudo isso pelo repentino desejo de não
aceitar a suspeita de corrupção de um ato que ela disse ter acontecido
há 7 meses atrás.
Em sete meses muitas coisas aconteceram,
inúmeros pacientes morreram nas portas dos hospitais, outros tiveram suas
doenças agravadas por falta de atendimento, outros ficaram na miséria por terem
que arcar com tratamento em hospitais particulares, tudo isso segundo denúncias
da mídia foi decorrente do esquema de corrupção que existe no sistema de saúde do
Distrito Federal. E Liliane sabia de uma corrupção no valor de 30 milhões de reais, e
ficou quieta, igual jacaré na lagoa, durante sete meses. O mais engraçado
é que a suposta autora de ato de corrupção era a pessoa que ela sempre tentou
apedrejar. Lembro bem, o dia que Celina impediu que ela entrasse em um grave
problema, nós estávamos indo para o gabinete quando uma
assessora chegou e falou que a deputada Liliane queria falar com ela, e aí
assisti a cena mais comovente do mundo, Liliane chorando pedia perdão para
Celina repetindo sempre: "Eu te fiz muito mal, você não sabe , mas eu te
fiz muito mal..." estas palavras voltam na minha mente, e fico imaginando
qual é o significado de arrependimento, amor e bondade para uma menina rica, mimada, insatisfeita com o que a vida lhe deu e que
busca nas sombras caminhos escusos para se manter no poder. De sofrimentos
vivenciados no passado, da constatação que crimes de gravação tem um final
feliz para o denunciante, do desejo imenso de permanecer e ter poder a qualquer
custo, do exercício de convivência com o que existe de mais espúrio na
vida pública foi que nasceu a “ mocinha do cerrado".
Para o entendimento do que vou
contar foi necessário este preâmbulo, para que todos compreendam o que
aconteceu, fatos verídicos, dignos de uma novela mexicana.
Hoje, aqui, deixo a primeira prova da
inocência de Celina Leão declarada pela própria autora da acusação, Liliane
Roriz.
Ministério Público, Tribunal de Justiça e membros do STJ, esta declaração é da denunciante, Liliane Roriz.
MCLNetto