PARECE QUE A AMNÉSIA TOMOU CONTA DO DF
A reportagem abaixo foi publicada
pela revista ISTO É, em 15 de julho de 2016, e deu origem à operação Dracon. Em
21/11/16, o Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios, em peça assinada pela Exma. Sra. Vice
Procuradora-Geral, ofereceu denúncia em desfavor da requerente e outros, por
fatos que foram resumidos pelo próprio órgão acusador da seguinte forma:
O Vice Governador, Renato santana faz graves acusações de propina no GDF.
Tão logo recebeu das mãos do Agnelo Queiroz (PT) a faixa de governador, Rodrigo Rollemberg (PSB)
marcou uma entrevista para expor a situação de insolvência do Governo do Distrito Federal.
Naquele 1º de janeiro de 2015, segundo o socialista, havia em caixa módicos R$ 64 mil. Para turbinar a
arrecadação, Rollemberg anunciou medidas impopulares como aumento de tributos. Mesmo assim, não
conseguiu tirar o governo da paralisia. Até agora, o governo do DF não inaugurou nenhuma obra digna de
celebração. Pior: sem poder contratar novos servidores, a administração não consegue executar nem
serviços básicos, como fechamento de buraco em asfalto, poda de mato ou limpeza de esgoto.
marcou uma entrevista para expor a situação de insolvência do Governo do Distrito Federal.
Naquele 1º de janeiro de 2015, segundo o socialista, havia em caixa módicos R$ 64 mil. Para turbinar a
arrecadação, Rollemberg anunciou medidas impopulares como aumento de tributos. Mesmo assim, não
conseguiu tirar o governo da paralisia. Até agora, o governo do DF não inaugurou nenhuma obra digna de
celebração. Pior: sem poder contratar novos servidores, a administração não consegue executar nem
serviços básicos, como fechamento de buraco em asfalto, poda de mato ou limpeza de esgoto.
Apesar da falta de recursos para áreas estratégicas da administração, parece sobrar dinheiro para a
corrupção. É o que indica uma gravação, em poder do Ministério Público, ao qual ISTOÉ teve acesso.
No áudio, o vice-governador, Renato Santana (PSD), admite ter conhecimento de um esquema de
pagamento de propina dentro do governo de Brasília. Segundo ele, acontece hoje na secretaria de Fazenda
o repasse de comissão de 10% por fechamento de contratos com empresas que prestam serviços ao GDF.
Este flagrante pode ser o início de mais um escândalo na administração pública de Brasília.
No diálogo, o vice-governador não deixa claro quem são os beneficiários do esquema, mas, sem citar nomes,
diz que “ele autorizou” os pagamentos. Este sujeito indefinido terá que ser revelado.
corrupção. É o que indica uma gravação, em poder do Ministério Público, ao qual ISTOÉ teve acesso.
No áudio, o vice-governador, Renato Santana (PSD), admite ter conhecimento de um esquema de
pagamento de propina dentro do governo de Brasília. Segundo ele, acontece hoje na secretaria de Fazenda
o repasse de comissão de 10% por fechamento de contratos com empresas que prestam serviços ao GDF.
Este flagrante pode ser o início de mais um escândalo na administração pública de Brasília.
No diálogo, o vice-governador não deixa claro quem são os beneficiários do esquema, mas, sem citar nomes,
diz que “ele autorizou” os pagamentos. Este sujeito indefinido terá que ser revelado.
O áudio tem duração de 1h27. No diálogo, quem conversa com o vice-governador é a presidente do Sindicato
dos Servidores da Saúde de Brasília (Sindsaude), Marli Rodrigues. O encontro ocorreu fora do gabinete da
Vice-Governadoria, no Palácio do Buriti, sede do Governo do DF. Teve como palco um apartamento de Águas
Claras – cidade de classe média no Distrito Federal, onde Santana ouvia as críticas de Marli sobre o projeto
de Rollemberg de entregar parte dos hospitais da capital federal para as chamadas Organizações Sociais (OS).
Ela também reclamava da dificuldade para ser atendida pelo secretário de Saúde, Humberto Fonseca. “Não
entende nada de saúde. Não conversa com a gente”, afirmou a sindicalista, referindo-se a Fonseca. Em
solidariedade, Santana disse que não participava do processo na área da saúde. “Você quer saber qual é o
timing que nós temos para colocar as OSs funcionando?”, pergunta Santana. “Dois meses”, responde Marli.
E ele completa: “Rodrigo (Rollemberg) tá f*. Se não tem grana…”, comenta ele, demonstrando a
impossibilidade de cumprir o compromisso dentro do prazo por falta de recursos.
dos Servidores da Saúde de Brasília (Sindsaude), Marli Rodrigues. O encontro ocorreu fora do gabinete da
Vice-Governadoria, no Palácio do Buriti, sede do Governo do DF. Teve como palco um apartamento de Águas
Claras – cidade de classe média no Distrito Federal, onde Santana ouvia as críticas de Marli sobre o projeto
de Rollemberg de entregar parte dos hospitais da capital federal para as chamadas Organizações Sociais (OS).
Ela também reclamava da dificuldade para ser atendida pelo secretário de Saúde, Humberto Fonseca. “Não
entende nada de saúde. Não conversa com a gente”, afirmou a sindicalista, referindo-se a Fonseca. Em
solidariedade, Santana disse que não participava do processo na área da saúde. “Você quer saber qual é o
timing que nós temos para colocar as OSs funcionando?”, pergunta Santana. “Dois meses”, responde Marli.
E ele completa: “Rodrigo (Rollemberg) tá f*. Se não tem grana…”, comenta ele, demonstrando a
impossibilidade de cumprir o compromisso dentro do prazo por falta de recursos.
OUÇA O ÁUDIO
Na sequência, chega a parte comprometedora, após uma provocação da sindicalista. Marli revela ao
vice-governador ter conhecimento de uma operação que desvia dinheiro público do governo estadual. Marli
diz: “Você tem conhecimento do pagamento de propina na Saúde de 30%? Você tem conhecimento disso?”.
Renato Santana responde: “Dez (%) eu tenho (conhecimento) da (secretaria de) Fazenda”. Santana, então,
tentar justificar sua inocência, mas admite saber do pagamento. “Hoje, eu tô assistindo essa p* toda. Até
porque, (tenho) zero de envolvimento. Autorizou a pagar 10% de propina. Eu não autorizei, mas o assunto
chegou para mim. Eu me sinto… seria um escroto de não te falar”, afirma ele.
vice-governador ter conhecimento de uma operação que desvia dinheiro público do governo estadual. Marli
diz: “Você tem conhecimento do pagamento de propina na Saúde de 30%? Você tem conhecimento disso?”.
Renato Santana responde: “Dez (%) eu tenho (conhecimento) da (secretaria de) Fazenda”. Santana, então,
tentar justificar sua inocência, mas admite saber do pagamento. “Hoje, eu tô assistindo essa p* toda. Até
porque, (tenho) zero de envolvimento. Autorizou a pagar 10% de propina. Eu não autorizei, mas o assunto
chegou para mim. Eu me sinto… seria um escroto de não te falar”, afirma ele.
Marli se mostra surpresa com a revelação do vice-governador. “Tá desse nível? Então, você tem que perguntar
pra ele se autorizou 30% de propina. Você tem conhecimento disso? Dez por cento você tem conhecimento?”
E Marli ameaça: “Sabe o que eu acho? Eu vou abrir essa p*. Eu vou abrir essa p*. A propina corre solta ali.
Se você conhece 10%… Tem muita gente envolvida nessa história. Sim, eu estou falando da Saúde. Agora,
se partir para outros locais que a gente também conseguir identificar, você vai encontrar muitas coisas mais,
entendeu? Então, fique longe de tudo isso”, arremata a sindicalista.
pra ele se autorizou 30% de propina. Você tem conhecimento disso? Dez por cento você tem conhecimento?”
E Marli ameaça: “Sabe o que eu acho? Eu vou abrir essa p*. Eu vou abrir essa p*. A propina corre solta ali.
Se você conhece 10%… Tem muita gente envolvida nessa história. Sim, eu estou falando da Saúde. Agora,
se partir para outros locais que a gente também conseguir identificar, você vai encontrar muitas coisas mais,
entendeu? Então, fique longe de tudo isso”, arremata a sindicalista.
A gestão do governo Rollemberg na Saúde também é criticada pelo vice-governador em outro trecho do
diálogo:
“Infelizmente, eu vou dizer pra você: todos os movimentos que foram feitos na saúde, aí esquece corrupção, do
ponto de vista administrativo, de modelo, até agora, foi só atropelo, pô. Fez uma reestruturação uma bosta. Se
foi de propósito ou não, aí eu não sei.”
diálogo:
“Infelizmente, eu vou dizer pra você: todos os movimentos que foram feitos na saúde, aí esquece corrupção, do
ponto de vista administrativo, de modelo, até agora, foi só atropelo, pô. Fez uma reestruturação uma bosta. Se
foi de propósito ou não, aí eu não sei.”
Marli tem travado uma luta com o governador Rollemberg desde quando o socialista demonstrou interesse pelo
modelo de gestão hospitalar controlada por organizações sociais. A inspiração para o modelo de gestão
hospitalar veio de uma visita que o chefe do Poder Executivo fez a hospitais goianos geridos pela iniciativa
privada. Procurada pela reportagem, a presidente do Sindsaude disse que não falaria sobre o vazamento da
gravação. “Só vou me pronunciar na Justiça”, ameaçou.
modelo de gestão hospitalar controlada por organizações sociais. A inspiração para o modelo de gestão
hospitalar veio de uma visita que o chefe do Poder Executivo fez a hospitais goianos geridos pela iniciativa
privada. Procurada pela reportagem, a presidente do Sindsaude disse que não falaria sobre o vazamento da
gravação. “Só vou me pronunciar na Justiça”, ameaçou.
O diálogo deve azedar ainda mais a relação entre Renato Santana e seu chefe no Poder Executivo local.
O convívio dos dois vizinhos do Palácio do Buriti é parecido com o que foi a relação de Michel Temer com
Dilma Rousseff. Menos polido que o presidente da República, Renato Santana chegou a criticar abertamente
o governo do socialista após perder a cunhada Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, diagnosticada com
dengue hemorrágica. Em um claro recado ao governador, Renato publicou um texto na internet convocando
os “tecnocratas” que fazem parte do GDF arregaçarem as mangas e saírem “da bolha dos gabinetes”.
O convívio dos dois vizinhos do Palácio do Buriti é parecido com o que foi a relação de Michel Temer com
Dilma Rousseff. Menos polido que o presidente da República, Renato Santana chegou a criticar abertamente
o governo do socialista após perder a cunhada Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, diagnosticada com
dengue hemorrágica. Em um claro recado ao governador, Renato publicou um texto na internet convocando
os “tecnocratas” que fazem parte do GDF arregaçarem as mangas e saírem “da bolha dos gabinetes”.