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BRASILIA NÃO É UM CELEIRO DE MEDIOCRIDADES



credito da foto:Revista Caras

Excelentíssima Senhora Nélida Cuinãs Piñon, digníssimo Membro Imortal da Academia de Letras Brasileira,

Vossa Excelência, na sua indiferença política, ofendeu publicamente a todos nós, que amamos e vivemos em Brasília, quando declarou na mídia nacional que “Brasília é um celeiro de mediocridades’’ e que “Brasília foi o maior desastre que o País inventou”.

Entendo que Vossa Excelência, filha de comerciantes de origem espanhola, que viveu desde os 4 anos nos bairros de Copacabana, Botafogo, e na adolescência morou no Leblon, que estudou em boas escolas particulares e foi frequentadora do Teatro Municipal desde os nove anos não teve mesmo como se ocupar de um tema tão desagradável como o da política.  
Em 1961, no fervilhar dos acontecimentos políticos que viriam culminar com a Ditadura Militar, os romances permeavam sua existência, voltada para os guias e mapas de Gabriel Arcanjo.  Em 1965, no auge da ditadura  militar Vossa Excelência viajou para os Estados Unidos com a bolsa “Leader Grant”, concedida pelo Governo norte-americano, colaborou com publicações nacionais e estrangeiras, depois foi editora-assistente da revista Cadernos Brasileiros. Em 1970, de volta ao Brasil, inaugurou e foi a primeira professora da cadeira de Criação Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e membro do Conselho Consultivo da revista Tempo Brasileiro.

Quantas mudanças Vossa Excelência poderia ter feito para o bem do povo brasileiro, se nestas funções e naquele tempo tivesse, com sua pena, suscitado a importância da política ética e honrada.

Entre 1990 e 1996, foi catedrática da Universidade de Miami, onde realizou cursos, debates, encontros e conferências.  Eleita para a cadeira nº 30, ainda em 1990, foi empossada como imortal da Academia Brasileira de Letras, e em 1996 foi eleita a primeira mulher a presidir a ABL, por ocasião do seu Primeiro Centenário.

Vossa Excelência tem uma longa lista de títulos e de trabalhos feitos em prol da literatura brasileira, mas isto não lhe dá o direito de ofender a Capital da Esperança, a nossa Brasília, ainda quase menina, que apesar de seus poucos anos de vida política tem continuadamente dado exemplo ao Brasil.  Em 2008 seu povo foi às ruas e destituiu o governador em exercício, acusado de corrupção, em 2014 deu seu voto de repudio e retirou da vida pública o governador que fora eleito com propostas de mudanças e não as cumpriu, mais uma vez, em 2018 o atual governador tem 83% de rejeição popular, por falta de gestão pública.

Brasília não foi o maior desastre que o país inventou, mas foi sim a melhor ideia que o ex-presidente Juscelino Kubitschek podia ter tido à época. Foi um iluminado!

Vossa Excelência já pensou como o governo brasileiro estaria hoje sitiado pelos traficantes, se a capital do pais ainda fosse no Rio de Janeiro?

Um projeto de Nação devia sim ser perseguido, debatido e implantado por nossos políticos, mas este erro não é de Brasília. Esta capital acolhedora recebe aqui os Congressistas de todas as partes do país, inclusive os do Rio de Janeiro. Nem sequer tivemos ainda um brasiliense para ser candidato a Presidência da Republica e não é por falta de nomes, o senador Cristovam Buarque, pernambucano, adotado pela capital da nova alvorada brasileira, grande defensor de educação ampla para todos no pais é um nome de peso e está à disposição do Brasil.

Quero solicitar à Vossa Excelência que conduza nossos pedidos para que as penas dos imortais desta Academia, que agilmente produzem os best sellers nacionais, se voltem para as discussões políticas, como foi feito por Joaquim Nabuco, Rui Barbosa,  José Bonifácio, e tantos outros e que também escrevam histórias, ou ficções, de homens e mulheres que sobem os morros para levar a paz, que descem nos grotões dos tráficos para diminuir a miséria, de policiais que dão as suas vidas para manter  a ordem social, de governadores, prefeitos e legisladores que não se curvam ante as ofertas e ameaças corruptoras, e tantas outras que nos tragam ensinamentos edificantes e ajudem a construir uma nova história.

Tivemos pessoas medíocres e despreparadas que vieram se projetar e aparecer no cenário nacional aqui em Brasília, mas "os porquês" disto, esta cidade não patrulha, não discrimina e não restringe cidadãos brasileiros que aqui chegam com a outorga eleitoral que receberam. Alguns vêm como parlamentares: deputados, senadores e até presidentes. Outros por estes nomeados.       

E neste momento em que a nação olha assustada para o STF, para o Congresso Nacional e para o Executivo que se movimentam de forma incompatíveis com seus desígnios, que tenhamos a Academia Brasileira de Letras se levantando de forma Imortal e proclame o seu brado de ‘basta de impunidade’ e demonstre pela força de sua pena que “o crime não compensa”.

Assim, certamente, num futuro próximo teremos A república dos sonhos que vai apagar Memórias de um Brasil corrupto, levantando as Vozes do Deserto e cantando A doce canção de Caetana para embalar o orgulho de ser brasileiro e de ter Brasília como a melhor capital do país.

                                MCLNeto

                                                         02/04/2018



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